Hoje é dia dos pais no Brasil e acabo de me dar conta que em todos estes anos jamais homenageei uma das pessoas mais importantes da minha vida, a dona Janete.
Nascida na Bahia, filha de seu Francisco do Rosario Passos e de dona Otaviana Francisca de Matos, chegou em São Paulo ainda pequena junto com seus mais de 10 irmãos (nem me perguntem o número certo, pois tenho tantos tios que não dá pra lembrar de todos rs).
Se casou com meu pai na década de 70 e teve três filhos: eu, o mais velho, a minha irmã Flávia e o caçula Junior.
Ainda na década de 80 meus pais se separaram e, dali em diante, dona Janete teve que se virar: colocou uma plaquinha de vende-se geladinho natural, depois tivemos que nos mudar de São Bernardo do Campo para São Paulo, mais precisamente pra São Mateus, onde os nonnos e um punhado de tios viviam.
Lá mamãe começou a vender frios na rua: ganhou um fusca da tia Maroca, tirou um dos bancos do carro, socou uma caixa de isopor de um tamanho que até hoje não vi maior e ia de casa em casa vendendo salame, presunto, queijo, doce de leite, bacon e qualquer outra coisa que a “freguesia” pedia.
Durante longos anos ela tocou esse negócio até não aguentar mais esse “abaixa e levanta” e trocou de negócio – abriu uma bomboniere na garagem de casa – se chamava Cantinho da Paz.
Só cometeu um grande erro: colocar seus filhos pequenos para tomar conta de uma bomboniere!!! Era 100 gr. de bala vendida e 200 gr. consumidas por nós 😉
Nem preciso dizer que durou poucos anos e mais uma vez dona Janete tinha que inventar algo novo para sustentar os três capetinhas.
Foi então que a tia Maroca (sempre presente!) a convidou para trabalhar no ramo da costura – quatro ou cinco dos meus tios sempre trabalharam no ramo de confecção, dois ainda trabalham até hoje – e lá foi mamãe aprender o que é costurar e começamos a conviver com termos tipo overloque, reta, galoneira, entre outros.
Poucos sabem, mas a dona Janete foi fundamental para que eu conseguisse vir a Italia, pois além de me emprestar parte do dinheiro na minha primeira vinda, ainda pagou a passagem aérea, sem contar que foi a pessoa que mais me incentivou a procurar uma vida melhor.
Por estes e tantos outros motivos, eu e meus irmãos temos o mais profundo respeito, orgulho e admiração pela mãe que temos.
Por isso quero desejar a dona Janete um feliz dia dos pais, que Deus dê cada dia mais saúde, paz e principalmente tranquilidade – com a promessa de que nós, filhos, continuaremos sempre a nos comportar de maneira justa e honesta conforme seus ensinamentos.
Tudas as nossas ações são motivadas para fazer com que a senhora tenha sempre orgulho dos filhos que teve, pois apesar de todas as dificuldades que passamos, todas as lágrimas que eu vi a senhora derramar em silêncio, de toda a fome que também vi a senhora passar escondido para fazer com que tivéssemos o que comer na mesa, hoje somos mais que vencedores.
E o mérito, dona Janete, é todo seu.
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Parabéns! Valiosa a história de vida de vocês!
Abs!!
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Que família linda Fábio. Parece que você é o único feioso da vila… rsrsrs
Parabéns pelo post.